Estudar é, realmente um trabalho muito difícil
Exige de quem o faz uma postura crítica sistemática.
Exige disciplina intelectual que só se ganha praticando-a.
Isto é precisamos, o que a “educação bancária” não estimula.
Pelo contrário sua tônica reside fundamentalmente nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade.
Sua “disciplina” é a disciplina para a ingenuidade em face do texto, não para a indispensável criatividade.
Numa visão crítica, as coisas se passam diferentemente.
O que estuda se sente desafiado pelo texto em sua totalidade e seu objetivo é apropriar-se de sua significação profunda.
Esta postura crítica, fundamental, indispensável ao ato de estudar, requer de quem a ele se dedica:
Que assuma o papel de sujeito deste ato.
Isto significa que é impossível um estudo sério se o que estuda
se põe em face do texto como se estivesse magnetizado pela palavra do autor à qual emprestasse uma força mágica.
Se, se comporta passivamente, “domesticamente”,
procurando apenas memorizar as afirmações do autor.
Se deixa “invadir” pelo que afirma o autor.
Se transforma numa “vasilha” que deve ser enchida
pelos conteúdos que ele retira do texto para pôr dentro de si mesmo.
Estudar seriamente um texto é estudar
o estudo de quem, estudando, o escreveu.
É perceber o condicionamento histórico-sociológico do conhecimento.
É buscar as relações entre o conteúdo em
estudo e outras dimensões do conhecimento.
Estudar é uma forma de reinventar, de recriar,
de criar, de reescrever – tarefa de sujeito e não
de objeto. Desta maneira, não é possível, alienar-se
ao texto, renunciando assim à sua atitude crítica em face dele.
A atitude crítica no estudo é a mesma que deve
ser tomada diante do mundo da realidade, da existência.
Uma atitude de adentramento com a qual se vá alcançando
a razão de ser dos fatos cada vez mais lucidamente.